O motociclista buzinou e atravessou a faixa, sinalizando obscenamente o dedo médio para o Velho. Uma senhora que estava no meio-fio solidarizou com o Velho e comentou sobre a imprudência no trânsito. O velho assentiu com a cabeça e saiu em seguida. Depois de passar pela senhora, murmurou consigo mesmo que o motoqueiro tinha razão. Balançava a cabeça referendando a atitude do motorista.
Buscou outro caminho. Deu voltas pelo bairro para chegar ao bar. Parecia
um assaltante buscando rotas de fuga. Observou fachadas de prédio, até então
desconhecidas, ou, completamente ignoradas. Apreciou vitrais. Meditou sobre as
vicissitudes da vida. Buscou contemporizar com donas de casa, que observavam os
filhos brincando nas calçadas.
Chegou no Epifania, ofegante. Pediu logo um duplo. Osório, surpreso com a
palidez do Velho, atendeu com agilidade o pedido. Dos prantos ao
transbordamento. Um êxtase arrebatador invadiu-lhe as narinas. Elaborou
discursos sobre a transcendência do homem. Fez gracejos com os frequentadores e
bebeu com vigor de um remador. Bebeu como nunca. Bebeu como ébrios, num
entardecer praiano.
Que venham mais peripécias do Velho Buck!
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