Epifania 244: mais um fragmento do romance


Ela anuiu com a cabeça e sussurrou frivolidades, mas Heitor não deu ouvidos. Pulou na caça, pronto para o abate. A desprovida cama balançou com o impacto. Os lençóis manchados, envoltos nos corpos nus.
Os urros romperam o alicerce das paredes carcomidas do hotel. A goteira da pia do banheiro pingando impunemente. O toca-fitas instalado na cabeceira da cama tocava uma música qualquer e o bramido do casal atormentava o sono dos justos. Os justos e os ímpios que repousavam nas suas alcovas, vigiados por despertadores comprados na Rua Vinte e Cinco de Março.
Despertadores eletrônicos colocados em criados-mudos, assolando a cabeça dos adormecidos letárgicos. Os que adormecem e os que buscam hipnóticos para aplacar a insônia. Na avenida, um falso profeta, anunciava em voz alta, “o meu socorro vem do Senhor, que fez os céus e a terra, ele não permitirá que você tropece e o seu protetor se manterá alerta, sim, o protetor de Israel não dormirá, pois ele está sempre alerta”.

Comentários

  1. Esse romance pelo jeito vai ter de tudo: mistério, drama, humor, mais romance...Parabéns!!

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    1. Grande Mauricio! Valeu companheiro! Tentando concluir o livro, mas como diria a cantora Kátia, "não está sendo fácil".

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  2. Tá gostoso de ler, estou curioso para saber o contexto. Se concentra ai para terminar porque parece realmente que vai valer a pena

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