Epifania 244


Um pequeno fragmento do meu romance de estréia.

       Trabalharam arduamente na limpeza e reforma do espaço. Uma trupe de porra-louca transformou-se em notáveis mestres de obra, insignes eletricistas, em respeitáveis carpinteiros.
Barreiras foram desobstruídas pelo grupo, sem trepidarem, agindo como uma tribo de índios botocudos que não teme a chegada do homem branco.
A inauguração foi um sucesso de público. Rapazes com longas cabeleiras, moças com saias indianas, velhos poetas marginais, músicos neófitos. Um público heterogêneo, bebendo e dançando freneticamente. 
O salão foi metamorfoseado. As paredes toscas ganharam vida com os adornos de vinis. Velhos vinis que voltavam com outra missão, a de resplandecer a superfície de alvenaria. Gibis e fanzines expostos.
Bancos de automóveis servindo de assento. Copos baratos de extrato de tomate. Penduricalhos de miçangas. Placas de trânsito desviadas das ruas e sinalizando a entrada dos banheiros. Cinzeiros de recipientes de manteiga.
O farfalhar constante. A melodia incessante modulada pela velha vitrola. Os copos fustigando no balcão de fórmica. Feixe de luzes, dos faróis dos carros, invadindo o ambiente. O cigarro que se consome. A bebida sorvida. O coito que se pronuncia.

Comentários

  1. PARABÉNS DARRAMA, DADA, LARA E GUSTAVO...ESTAS SÃO AS VERDADEIRAS FACES DE SUA EPIFANIA CAMARADA.
    QUE SEJA O PRIMEIRO DE MUITOS, ABRAÇO.
    REVERSON

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