Bar do Tião Piranha



Outra relíquia do "sertão" paulista: Bar do Tião Piranha.

Essa jóia rara está localizada em Gastão Vidigal, minha cidade natal, interior do interior do interior de São Paulo. E dá-lhe estrada, camará!

O botequim é freqüentado essencialmente por camponeses e operários da construção civil.

Parti rumo ao botequim por dois motivos. Primeiro: que está localizado na Rua João Alves Barreto, homenagem póstuma ao meu avô paterno.

Segundo: pela excentricidade dos petiscos. Os petiscos são feitos coletivamente; os clientes se organizam, compram os ingredientes e cozinham num fogão que fica disponível. Caldo de galo, testículos de boi, farofa de tatu e caldo de piranha são alguns dos petiscos exóticos feitos no bar.

Na noite do dia 19 de julho, foi preparado um caldo de galo. O cozinheiro designado para ocasião foi o folclórico Lambão. Segundo o imaginário popular, o caldo é capaz de levantar até defunto. Conversei com várias pessoas e ouvi excelentes causos. Causos interessantíssimos, capazes de seduzir até o Escritor Gabriel García Marquéz e facilmente adaptáveis ao realismo fantástico (Escola literária).

Um senhor, que animadamente "molhava as palavras", comentou comigo que a sua pressão era igual parafuso de mata-burro, 18 por 12. Percebi que ali a risada era garantida. Perguntei se ele não temia pela sua saúde. Ele me respondeu que não, pois era muito feliz e religiosamente cumpria o mesmo ritual etílico, todo santo dia.

O melhor estava por vir ainda, assegurou que ainda recebia o consolo da mulher ao chegar em casa. Lembrei-me imediatamente da bela canção "Com açúcar, com afeto", do grande mestre Chico Buarque. E assim terminou mais uma noite na minha Macondo!

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