Boteco do Rao: gastronomia do improviso



São Francisco Xavier, distrito de São José dos Campos, é um lugar belíssimo. Demasiadamente charmosa! Palco do Festival da Mantiqueira, a nossa FLIP paulista. Longe do frenesi das cidades grandes é possível contemplar a natureza e conhecer o insólito Boteco do Rao. Instalado numa graciosa travessa o inimaginável botequim é cenário ideal de um filme do Buñuel. A verve do Rao, o proprietário, fica evidente no pratos elaborados, ou melhor, improvisados. O próprio nome do bar já é auto-explicativo, Boteco do Rao: gastronomia do improviso. Os meus inquietos botões me sinalizam uma desatinada semelhança com o programa Larica Total, do Canal Brasil. Eu e uma trupe fabulosa fizemos uma parada por lá no Festival. Um blues de responsa ecoa na travessa e atrai a legião. A opção do dia era feijoada. O Rao e o seu fiel escudeiro estavam num dilema incrível. Não sabiam se colocavam uma placa de divulgação da feijoada. Estavam satisfeitos com a quantidade de pessoas. Captei que o propósito da casa, simplesmente não era comercial. Uma mesa colossal na sala referendou a minha suposição. Daquelas que congregam um grande número de comensais, lembra o clássico almoço familiar de domingo. O bucólico quintal é repleto de especiarias e entre uma ida e outra ao banheiro você observa objetos de higiene pessoal. Tudo isso porque o bar é a casa dele, ou vice-versa. Depois de saborearmos o encorpado caldo de feijoada e esgotarmos o estoque da casa, finalmente chegou a hora da despedida. Na saída o Rao fez uma divertida advertência: amanhã não voltem muito cedo.

Comentários

  1. Botecar é uma arte, escrever sobre boteco é literatura, saborear petiscos é alta gastronomia. E salve nosso escriba da longínqua Gastão Vidigal que adotou o vale e virou o maior caipira paulistano que conheço.

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  2. O jardim da casa é muito bem cuidado, parece que estamos na casa da vó. Queria ver se não saíssemos de lá, acho que arrumavam uma caminha.

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