Gula's & Gole's


Gula's & Gole's é um belo barzinho de Ribeirão Preto, interior de São Paulo. O diminutivo não é para depreciar o bar, muito pelo contrário, é para ressaltar o aspecto familiar deste.

Gula's & Gole's é um fragmento reminiscente do Boteco do Rao, espaço já retratado em crônica do PPP. Déjà vu!

É magistral o local, a começar pelo nome, Gula's & Gole's. O bar é administrado por pai, mãe e filho.

Helinho, o filho, é daqueles que bate escanteio, cabeceia e ainda por cima, defende. Assume a função de garçom, chef gastronômico e músico da casa.

Os pais do Helinho são uma divindade. Pai, com 85 anos, Mãe, com 80 anos. Firmes e fortes na labuta, sorrisos estampados no rosto. Salve simpatia!

O cheiro do bar é indescritível. Fragrância exuberante, como a da casa dos nossos pais. Pois na verdade, o Helinho e todos nós, ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais.

No dia que estive no Gula's & Gole's, Helinho, o nosso Durval Discos de Ribeirão Preto, dedilhava no violão um Kukukaya.  A canção de Xangai foi executada com maestria pelo querido Helinho. Um amigo, impressionado com o som, foi até o palco e pediu outra do Xangai. Helinho se desculpou, alegando que sabia só aquela do violeiro.

Passado alguns minutos, Helinho, sorrateiramente, anunciou no microfone, que tiraria a música que o nosso amigo solicitou. Anunciou, mas não mencionou o título da música. "Não custa tentar", frisou o cancioneiro.

Alguns segundos depois surgem os primeiros acordes de Village People. O público, efusivo, vai ao delírio. E o nosso amigo, sem prumo, nem rumo, de frente para o palco. Como reação imediata pegou a primeira mulher na frente e a conduziu a passos desconcertados pelo bar.

No exato momento, tememos coletivamente pela integridade do pobre amigo, pois aparentemente a moça estava acompanhada. Prenúncio de confusão. Notas dissonantes de um marido traído. Crônica de uma briga anunciada!

O nosso amigo sussurrava, "um compromisso submisso, rebuliço no cortiço, chame o Padre Ciço para me benzer". Nem Padim Ciço para tirar do iminente salseiro.

Depois de um certo tempo, o pseudo-casal  anunciou a retirada. Suspense hitchcockiano no ar. O "suspeito marido" parou na nossa mesa, bateu nas costas do nosso querido amigo e rematou o veredito: "companheiro, sou corno não, hein! Ela é minha irmã, pode ficar tranquilo".

Ufaaaaaa! Capricha no "a". Merecido, já que o alivio foi imediato! Depois entre Gula's & Gole's, foi só rir do acontecido e prosear com o imbatível Trio Parada Dura, o grande timaço que gerencia o botequim.

Quando chegamos no bar, "veio um anjo safado, o chato do querubim", e decretou que estava predestinado, a ser errado assim, já de saída a nossa estrada entortou -- e como entortou -- mas fomos até o fim.

Madrugada adentro, fechamos literalmente as portas do Gula's & Gole's; o adorável bar-casa, ou casa-bar, como você preferir, fiel e quixotesco leitor.



Curtam no facebook a nossa Fan Page:
https://www.facebook.com/papopetiscoepinga

Comentários

  1. Gulas & Goles é daqueles que a gente vai. E depois volta, e volta, e volta...
    Abç, Gustavo

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Felipe em breve estarei novamente nesse encantável lugar!

      Abraço

      Excluir

Postar um comentário