Estômago


Um brinde à gastronomia de botequim! Tão rechaçada pela crítica nos últimos anos e hoje, para o nosso deleite, objeto de fetiche de uma legião de famélicos.

Os cadernos de gastronomia dos principais jornais, sempre abordam, mesmo que sutilmente, assuntos relacionados aos petiscos oferecidos pelos principais botecos tupiniquins.

Evidentemente, as menções, invariavelmente, remetem aos botequins badalados e, em suma, os que atingem clientes de maior poder aquisitivo. No entanto, é motivo de júbilo, para nós, apreciadores de boteco, que o tema possa, enfim, ser discutido por uma gama maior. Extrapolando os limites geográficos das mesas-redondas dos bares.

Meus caros botequeiros de plantão, deixemos de lado, o galo cozinhando em fogo brando e vamos ao que nos interessa. O que realmente nos leva a meter o garfo, ou, outro utensílio no bedelho, são as iguarias da cozinha, intitulada,
baixa gastronomia.

Que Alex Atala que nada! Salve o cozinheiro da baixa gastronomia e as suas inigualáveis iguarias. Com as suas hábeis mãos, proporcionam momentos de intensa catarse calórica.

Quem não se lembra de Raimundo Nonato, personagem interpretado por João Miguel, no filme Estômago?

Cozinheiro que se destaca num copo-sujo, com as suas apetitosas coxinhas e depois alcança o estrelato, num badalado restaurante italiano.

A rapadura é doce, mas não é mole não! Algumas iguarias são capazes de levantar até defunto.

Em Botucatu, a irresístivel farofa de tatu.
Em Beagá, o fígado com jiló, é o melhor que há.
Em Belém, tacacá sem nhém-nhém-nhém.
Em Gastão Vidigal, caldo de galo levanta o astral.
Em Macapá, dá-lhe vatapá!
Em Manaus, não peça pequi, prefira o saboroso jaraqui.
Em São Paulo, gela guela com a imbatível moela.
No Recife, contra ressaca, mão de vaca.
Chega de rima chinfrim e viva os petiscos de botequim!

Só não tem lugar para prato de modelo-padrão-estético-anoréxico. O que vale aqui é sustança. Ninguém brinca em serviço!

Os personagens, aqui reinantes, saíram de uma tela de Fernando Botero e tomaram de assalto as mesas dos bares.

Em São Paulo, num pé-sujo da Avenida São João, -- anos atrás -- eu e um grupos de amigos fomos recebidos com uma generosa porção de gordura. Cortesia da casa.

Nem mesmo o mais crente dos indivíduos acreditaria na existência da iguaria servida. Gastronomia kitsch. Inenarrável!

Depois da bombástica porção, o dito cidadão respeitável, que ganha quatro mil cruzeiros por mês, suava em bicas. Volume de água capaz de erradicar todo o problema da seca no Nordeste.

Tivemos até delírio com a porção e ficamos imaginando a manchete, sensacionalista, anunciando o ocorrido: "e neste dia então, vai dar na primeira edição, cena de enchente num bar, da avenida São João".

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Comentários

  1. rs
    pensei que ia falar do torresmo com cabelo, que ainda não conheço.

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  2. É Gustavo, suas crônicas empíricas me fizeram rir muito em 2012. Espero que em 2013 suas experiências sejam ainda mais ricas e prazerosas. Saudades, Bjs!!!!

    Meiri

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    1. Olá Meiri!
      Partindo para Belém à procura de algumas crônicas...hehe...

      Beijos querida!!

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  3. Ótimo Texto!!!
    Feliz 2013!!!
    Abçs
    Verdelone - www.ciadosbotecos.com

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    1. Obrigado meus caros amigos! Em 2013, PPP e Cia dos Botecos, firmes e fortes! Avante companheiros!!

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