Feijoada completa


Anos 90. São Carlos. Mais uma epopeia protagonizada pelo homem que sabia javanês.

Em um sábado qualquer, o nosso herói tupiniquim chegou a um restaurante, "com uma fome que nem me conte" e, principalmente, com "uma sede de anteontem".

MF, alcunha do "homem que sabia javanês", estava acompanhado de outros senhores. A trupe voltava de um Congresso da Ufscar.

Logo na entrada, o garçom "inocente, puro e besta" cometeu o deslize de perguntar para MF se queria beber algo, para abrir o apetite.

- Meu amigo, faz dois dias que não sei o que é comida e você quer abrir mais ainda o apetite?

Soltou essa e depois capitulou-se.

- "Uca, açúcar, cumbuca de gelo, limão".

- Uma feijoada completa por gentileza, com tudo que tiver direito. Não me venha com versão light y otras cositas más.

MF estava endiabrado. O garçom penava na sua mão. O "homem que sabia javanês" não dava trégua ao pobre rapaz.

- "Arroz branco, farofa e a malagueta; a laranja-bahia ou da seleta".

Um garçom era pouco para os seus pedidos; estes mais numerosos e exigentes que astros da música pop em excursão pelo país.

- Mais torresmo meu rei e não esquece da outra caipirinha que pedi.

Essa última frase pronunciada já era uma fusão de javanês com tupi-guarani.

- Mais! Mais! Mais! Mais! Mais! Mais! Mais! Mais! Mais! Mais!

A tecla do repeat foi acionada ad infinitum. Samba de uma nota só. 

Meus botões advertiam que aquilo não acabaria bem. A equação era simples; muita entrada para pouca saída.

Depois de mais uma cumbuca, MF lançou, literalmente, uma adaptação do livro "Regurgitofagia".

Regurgitava violentamente, para desespero dos comensais, que encontravam-se nas dependências do restaurante.

Saímos em fila indiana do restaurante. Cabisbaixos e envergonhados.

Em frente ao restaurante, pudemos observar o colossal letreiro na fachada.
 
Subitamente, evocamos as sábias palavras do Macaco Simão: "Brasil é o país da piada pronta". 

Os dizeres na placa não deixavam dúvida, "Bar e Restaurante Chiqueirinho".

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Comentários

  1. O duro foi voltar pra recuperar a carteira esquecida. Denortiz

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  2. Excelente Gustavão. Embora achasse que vinha aí uma homenagem de niver do Noel. Esse te dá reprrtório de sobra. Abração!

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  3. Muito boa. Gustavo, como dizia minha mãe....gosto dos olhos , regalo da vida! Na vida tudo tem um preço, mas prefiro estranhar a miséria que a fartura. Abraços ....quando estiver no Brasil vou procurar um chiqueirinhokkkkkkkkkkkkkk

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  4. Como sempre,mais uma de suas aventuras para nossa diversão. Bjs, saudades!!!

    Meiri

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  5. Porra nessa eu estva presente ,na hora ''aaghá'' fui ao fui desaguá ,voltei a merda tava feita..mas mudando de bunda par coração,aquí na ilha resolveram fechar um boteco por onde passou nada mais do que LUPICINIO RODRIGUES, em protesto vou me acorrentar lá..é a famosa ''travessa do noel ''. o maior local de sambistas da ilha vai fechar em nome do silêeeençio....eu havia preparo um conto sobre nossa travessa ,mas como o dono agora se chama marcão ..eu digo não ...

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