Oito perdidos numa noite suja

Respeitável público!

Peça de hoje: oito perdidos numa noite suja.

Dessa vez, éramos oito contra Tebas, e não sete, como na tragédia grega. 

Abandonamos a Mercearia São Pedro -- perdoa-me por te traíres, Mercearia -- e fomos para um magnífico lugar; Espaço Parlapatões.

Um teatro com bar, no centro de São Paulo. O teatro fica na Praça Roosevelt, maior latifúndio cênico da Paulicéia Desvairada.

- Parlapatões, patifes e paspalhões, una birra, per favore!

Entre um gole e outro de lirismo, na vasta tragicomédia existencial, nos encantamos com a magia desse templo cênico.

Parecendo um sonho de uma noite de verão, tivemos o privilégio de degustar um belo monólogo de Gero Camilo.

Catarse, essa é a palavra que traduzia o nosso estado de espírito, depois da apresentação do Aquiles nordestino. Flechada certeira, atingiu em cheio os nossos calcanhares.

Cada um de nós tornou-se um "Ébrio Rei", ou melhor, um "Prometeu embriagado".

A dramaturgia misturou-se coma vida real. Visceral e cortante, como uma "navalha na carne".

Os gêneros teatrais misturavam-se. Auto, comédia, drama, farsa, musical. Concomitância burlesca, tudo embalado por um vendaval de sensações; um "vento para papagaio subir".

Ficar ou ir embora, eis a questão.

Findava a noite e optamos pela retirada. Pegamos um bonde chamado desejo e anunciamos a partida.

Fecham-se as cortinas e fica o dilema rodrigueano: toda embriaguez será castigada?
 

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