50 tons paraenses


Evoco a bela canção "Feira de mangaió", da saudosa diva Clara Nunes, para ilustrar o aprazível Bar do Tonho.

Tinha uma vendinha no canto da rua/Onde o mangaieiro ia se animar/Tomar uma bicada com lambu assado/E olhar pra Maria do Joá.

Há seis anos, na minha primeira passagem por Santa Maria do Pará, o Bar do Tonho era apenas uma "vendinha no canto da rua". Hoje transformou-se num botequim de responsa.

Na esquina é possível contemplar o caótico trânsito paraense e a sua indefectível similitude com a Índia.

Enquanto os homens exercem/Seus podres poderes/Motos e mais motos avançam/Os sinais vermelhos/E perdem os verdes/Somos uns boçais.

Pois é, aqui cabe uma adaptação na cantiga de Caetano. Suprime a palavra fusca -- aqui no Pará em extinção -- e substitui por motos.

Motos e mais motos. Uma infinidade!

E as motos estão invadindo/os apartamentos, cinemas e bares/Esgotos e rios e lagos e mares/Em um rodopio de arrepiar.

Aqui não tem miserê. Uma pessoa ou duas nas motos é desperdício. Vade retro! São três ou quatro circulando pelas ruas.

Ao Bar do Tonho volver. Para acompanhar a cerveja, um belo baião-de-dois com churrasco. E dá-lhe farinha paraense ou pó de serra, como dizem alguns paraenses.

O fundo musical é recheado de tecnobrega. O som propaga em decibéis capazes de ensurdecer metade da cidade.

Será que apenas/Os paraenses magistrais/E os tons, os mil tons/Seus sons e seus dons geniais/Nos salvam, nos salvarão/Dessas trevas e nada mais.

Como diria um autêntico paraense: "égua, bora lá!"


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Comentários

  1. Entrou bem 2013 então né mocinho...rs. Bjs!!!

    Meiri

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  2. Falta a boa e velha música de raiz do norte/nordeste, ainda bem que a culinária foi salva.

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