Bar do Serginho


Essa ladeira, que ladeira é essa?

Meus caros PPP's, essa é a ladeira de Santa Teresa. 

É vero, meu caro Francis Hime, "subo uma ladeira contra o vento/volto à esquina e encontro o tempo".

Você sobe a ladeira de Santa Teresa e se depara, bem no final, com essa maravilha de cenário: Bar do Serginho.



Uma mistura aprazível de botequim, armazém, quitanda e padaria. Um amálgama de cores, sabores e texturas.

Mas também não é só isso. "Nós queremos mais" -- digo à garçonete.

"A gente não quer só comida/a gente quer comida/diversão e arte".

Fique tranquilo, meu velho, a arte está estampada nas ruas e nas paredes. E o melhor está por vir; uma deliciosa prosódia carioca.

Oh, minha saudosa Amelinha, faço dos seus versos, os meus: "sobe o morro da alegria, desce a ladeira do medo/viaja ao meio-dia, força crua de um segredo".

"Sei que há léguas a nos separar, tanto mar, tanto mar"; só que a comparação é inevitável.

Santa Teresa, como você me faz lembrar do bairro de Alfama, em Lisboa. Só não esqueçamos de trocar o fado pelo samba, por gentileza.

Como "foi bonita a festa, pá, fiquei contente". E fiquei mais contente ainda, quando soube que, em pleno século XXI, na era da especulação, da volatilidade financeira, o Bar do Serginho mantém cadernetas de contas.

"Chupa", arautos chauvinistas da mão invísivel do mercado.

Com o perdão da palavra, meus caros, não posso perder a oportunidade. Perco o amigo, mas não perco a piada.

A caderneta, para quem não sabe, é uma tradição que remonta aos primórdios do século passado. O cliente comprava nos armazéns e mantinha uma conta, geralmente registrada em cadernetas.

Quando recebiam, dirigiam até o estabelecimento comercial e quitavam as respectivas pendências.

Obviamente, que isso é característico do sistema, diriam os céticos.

Positivo operante, cara pálida, mas não deixa de ser inusitado isso acontecer em uma metrópole, como o Rio de Janeiro.

Salve o cancioneiro popular, Zé Geraldo, quem melhor traduziu esse espírito:
"A moda na cidade é grande/o medo é grande também/a corrida do cheque incoberto/o saldo não teve e não tem/os valores trazidos da terra/enfrentando as cancelas/do pode-não-pode/a força falsa de um cartão de crédito/ao invés de um fio de bigode".

Ainda cantarei, "Bar do Serginho, aqui me tens de regresso".

"Agora que é hora de ir embora/tudo o que aqui termina/só na foto vai ficar/e na chuva fina/lama grossa/minha nossa/ai que vontade eu tenho de ficar".



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Comentários

  1. Gustavo e suas visitas inusitadas. Conheço essa dama aí na foto heim...rs

    Bjs!!!!

    Meiri Moraes

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