Pesqueiro do Rato



Numa região dominada pelo império da cana-de-açúcar, o Pesqueiro do Rato é um núcleo de resistência cultural e ambiental.

"A cidade se encontra/prostituída/por aqueles que a usaram/em busca de uma saída/ilusora de pessoas/de outros lugares/a cidade e sua fama/vai além dos mares".

Localizado em Gastão Vidigal, interior de São Paulo, o Pesqueiro do Rato respira natureza. Um redoma dentro da bucólica cidade. Preserva um resquício de mata, para deleite nosso e da natureza.

Rato, apelido do nosso herói, é um "PC Farias" do bem. Faço a analogia, pois o Rato é um arquivo vivo da política vidigalense. Foi motorista de vários prefeitos. Personagem da história política do município, é testemunha ocular de vários acontecimentos da evolução política da cidade.

Narrador inigualável de histórias fantásticas, Rato não revela nomes, mas incorpora um García Márquez e nos introduz num realismo fantástico, similar ao gênio colombiano.

"Rato/Rato que rói a roupa/Que rói a rapa do rei do morro/Que rói a roda do carro/Que rói o carro, que rói o ferro/Que rói o barro, rói o morro/Rato que rói o rato/Ra-rato, ra-rato/Roto que ri do roto/Que rói o farrapo/Do esfarra-rapado/Que mete a ripa, arranca rabo".

Uma vez foi para São Paulo a trabalho, juntamente com o Prefeito e um Vereador. À noite, depois de finalizar as obrigações burocráticas, foram até um restaurante para jantar.

O garçom, zeloso, entregou o cardápio e depois voltou para anotar os pedidos.
- Pois não, que pratos gostariam?

O Vereador, com a fome de anteontem, adiantou-se e emendou:
- Meu filho, para mim pode ser de duralex mesmo.

O garçom não se conteve e deu uma risada recheada de escárnio. Encontrou outro garçom que estava ao lado e comentou cabisbaixo:
- O pessoal da mesa 16 é tudo caipira. Não tem um mínimo de cultura.

O Prefeito, com a pulga atrás da orelha, ouviu e enfurecido chamou o garçom à mesa.
- Oh fio, na nossa cidade nóis temo curtura sim. Nóis pranta arroz, feijão, algodão, café e laranja. Nóis só não pranta mais, porque o governo não investi na nossa região.

Uma pausa para risada e depois o nosso herói nos conta outra. Diz que um outro prefeito, em época de profundo sucateamento da máquina pública, deparou-se com a completa ausência de medicamentos no Hospital Municipal.

Disposto a resolver com urgência a situação, o Prefeito ordenou aos subordinados:
- Vamos colocar água nas injeções. Água e remédio é tudo a mesma coisa. O que cura é a fé, meu povo.

É, meus caros, tudo como na bela canção buarquiana: "Muita mutreta pra levar a situação/Que a gente vai levando de teimoso e de pirraça/E a gente vai tomando que também sem a cachaça/Ninguém segura esse rojão".

Os peixes, pescados na hora, são deliciosos. Dizem as más-línguas que o segredo da iguaria é o óleo, que raramente é trocado e, principalmente, o tempero final, que na verdade, são as cinzas que caem do cigarro na boca e dão o arremate final.

Tudo intriga da oposição! Um oásis campestre da minha querida Gastão Vidigal.

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Comentários

  1. E aí é só estória prá contar heim...rs

    Bjs!!!
    Meiri

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  2. O Rato é o cara, brevemente estarei lá tomando umas e outras.

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