Minha Mãe


Caro Belchior, cadê você, que nunca mais apareceu aqui?

"Até parece que foi ontem minha mocidade".

Na tarde fria, desta quarta-feira de maio, os seus versos ressoam como trombetas. No choque térmico dos meus afetos, a fusão da tarde gelada com o arrebatamento cálido das minhas lembranças, levam-me a uma variação brusca da temperatura lírica.

Apesar da densidade, das brumas da memória, recordo-me com exatidão do momento da partida. Do adeus, do grito contido, das lágrimas que irrompiam, feito chuva que não se anuncia e precipita na avalanche dos sentimentos.

Cortava o cordão umbilical, e iria escrever, os primeiros capítulos da vida, longe de casa.

Na lira dos meus dezoito anos, eu era apenas "um rapaz latino-americano, sem dinheiro no banco" e, "mais angustiado que um goleiro na hora do gol".

"Saí de casa muito cedo/os trapos na minha sacola/camisa bordada no bolso/na mão direita a viola/principiava o mês de junho/o céu cinzento anunciava o inverno/o peito vazio de tudo/e a mala cheia de amor materno".   

A minha Mãe, na ânsia de encorajar a sua prole, lançava toda a sua filosofia de autoajuda. Toda a sua práxis espartana esvaiu-se e a minha genitora aplicou-me pílulas de incentivos.

Sem àquelas palavras, teria desistido no primeiro quebra-molas das incertezas.

Mais perdido que um cachorro de mudança, ensaiava os primeiros passos da melodia orquestrada fora de casa. 

À noite, embalado pelo cobertor da saudade, introjetava os comprimidos de incentivo, com as sábias palavras da minha Mãe.

Hoje já são mais anos fora de casa, que na casa dos meus pais, propriamente dito; no entanto, ainda guardo no quarto e no coração, a "mala cheia de amor materno".

"Os jardins da casa-grande/as trancas ficando pra trás/hoje, depois de algum tempo/eu sei que ficou muito mais/ficou um sentido de vida/uma filosofia, uma razão de ser/que a idade impediu de ser vista/e que hoje é a própria razão de viver".

A todas Mães, que na liturgia incessante do afeto, entoam o cântico da proteção a todos os seus filhos, errantes navegantes.

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Comentários

  1. Que quarto? Faz tempo que vc não tem mais quarto lá!!! hahahaha

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    1. Que isso, Denise? Eu ainda domino a área...hehe... Beijo para a Mãe mais fresquinha da família!

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  2. Brincadeiras a parte...bela homenagem a nossa querida Mãe e a todas as outras!!!
    Bj

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  3. Muito boa homenagem mesmo!Afinal,elas merecem né :D
    bjs

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  4. Obrigada pela homenagem! Fiquei imensamente feliz!!!!!!Sou uma verdadeira mãe coruja! Te amo!!!!!!!!!!!!!!

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  5. Outrora, dando grande contribuição de seus conhecimentos advindo de vários anos de experiência lecionando no interior paulista tive o prazer de vivenciar seus cultos ensinamentos; aderir ao gosto pela leitura ainda cedo e uma segunda mãe nos conselhos na vida e tudo quanto se pode contribuir para uma sociedade justa pluralística e solidaria parte de meu sucesso que se da a essa grande mulher que hoje furto o nome para lhe chama-la de mãe. Entre todos os meus percalço cultural e profissional aqui a quem chamo carinhosamente de “Dona Sônia” Feliz dia Das Mães você merece att. reginaldo brandao

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    1. Arrasou, hein mano véio! Dá um beijo na Dona Rosa por mim!

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  6. sua mãe é massa! E a minha também!! Colocou bem o Belchior no conto, parabéns!

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    1. Obrigado, Bete! Ao Dia das Mães, com açúcar, com afeto! E manda um beijo para a sua.

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  7. Parabéns a todas as Mamães do mundo...mudando um pouco o que disse Mário Prata: Mãe é bom, mas dura pouco!
    Aproveite quem as tem!
    bl
    Mallu

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  8. Gustavo só consegue saber o valor e amor de uma Mãe quem é realmente uma Mãe...muda toda a forma de pensar!
    Abr
    Anne, SJC.

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  9. Deve ser uma guerreira a tua mãe Gustavo.
    Parabéns a ela e a todas as mães do mundo, principalmente a D. Celeste, a melhor mãe do mundo!
    Abr
    Caio.

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  10. Que Mãe bonita! Parabéns!
    Bj
    Daniela

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  11. Muito bom gustavão. um viva a Sebastiana!

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