Virada cultural

Escrevi a crônica, na Primeira Virada Cultural. Fiquei deslumbrado com o evento, a emoção tomou conta de mim e resolvi escrever as mal traçadas linhas abaixo.

Tomara que a efervescência seja semelhante e possamos brindar mais uma edição da "Virada cultural".

Virada Cultural

O Evento denominado "Virada cultural", que foi realizado das 14 horas do dia 19/11 às 14 horas do 20/11, na cidade de São Paulo, representou simbolicamente o conceito clássico de democracia.

Realizado pela Prefeitura Municipal o evento foi inspirado nos moldes das "Noites brancas", que acontece em Paris.

A realização simultânea de eventos culturais pela cidade mobilizou praticamente toda a população. Mesmo os segmentos que não foram atraídos pelos espetáculos, de uma certa forma foram atingidos pelos mesmos, sejam trabalhando ou incomodados pelo barulho.

Nos shows realizados no Vale do Anhangabaú era possível ver de tudo, uma espécie de mosaico humano, totalmente híbrido. Bem diferente dos dias normais, quando impera por ali a população de rua. Foi um acontecimento exacerbadamente popular, colocando lado a lado moradores de rua, patricinhas, yippies, yuppies, prostitutas, notívagos, enfim, uma fauna humana.

Nessas horas a segregação social, enfim não existiu. O morador dos Jardins teve que assistir o show do Tom Zé ao lado do morador de rua que cotidianamente é colocado na invisibilidade pela classe dominante, arrogante.

A classe burguesa que acredita somente na existência da cultura como instrumento de dominação, esbravejou, bateu no peito, mas teve que suportar todo o show com a população de rua.

Respirava-se cultura por toda parte. Foi oxigênio para todos os cantos da cidade. A cidade que lamentavelmente vive sob os efeitos da poluição, finalmente recebeu oxigênio. Evidentemente, um outro tipo de oxigênio, mas que propiciou novos ares à cidade.

Foi a manifestação concreta da metáfora "quando o carnaval chegar" criada por Chico Buarque. Foi um verdadeiro carnaval popular, o povo nas ruas alegre, festivo, sem medo da polícia, dos assaltos. A democracia plena parecia que finalmente se consolidava.

A vitória da diversidade nos vislumbra a chegada do carnaval efetivo, não como data estipulada pelo Estado, e sim, metaforicamente, como o que se viu ao perambular pelas ruas de São Paulo.

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