Fla-Flu conjugal pós-moderno


Ela chega arriada e não quer nada
Ele ligado no Datena, na almofada
Toda tarde a cena se repete
Parece que são cem anos no Tibete

Ela adora literatura russa, Dostoievski
Ele debruçado na poltrona, só pileque
Toda quarta a cena se repete
Futebol, churrasquinho, vinagrete

Ela de bom grado, abraça um Jorge Amado
Ele embriagado, com os amigos, carteado
Todo sábado a cena se repete
Ela, Ferreira Gullar, ele, valete

Ela é prosa, filosofia, Baudrillard, poesia
Ele, tagarela, esperneia, zombaria
Todo domingo a cena se repete
Ela prefere Baudelaire, ele, panicat

Ela é agnóstica e na vitrola, só Caetano
Ele acredita em horóscopo, é o tchan, ledo engano
E assim caminha a relação
Ela acredita em revolução, ele no Lobão

Comentários

  1. Muito bom, que venham outros!
    Bj
    Denise

    ResponderExcluir
  2. Muito bom Gustavo.
    Abraço
    Marcelo

    ResponderExcluir
  3. Muito boa Gustavo. E, com o tempo, ela vai arrumar um amante num sarau e gozar devaneios bachelardianos; ele, contratar programas baratos nos bares da cracolândia. rsrsrs

    ResponderExcluir
  4. MUITO BOM VELHÃO! PARABÉNS!

    Daniel

    ResponderExcluir
  5. Muito legal...Gustavo....Poesia é isso, arranjo harmonioso de palavras dentro dos ouvidos e bocas alheios...Parabéns!!!

    ResponderExcluir

Postar um comentário