Gastão Vidigal: Parte 2


Buk agradeceu e continuou a sua caminhada. Homens prostrados nas esquinas cochichavam quando o viam passar.
O movimento de ônibus velhos, sujos de terra, emitindo um barulho retumbante, era frenético nas ruas.
Um cavalo tordilho, com um cabresto preso a uma árvore Sete-Copas, pastava no meio-fio da calçada, alimentando-se de capim brachiaria.
O sino da igreja principal badalou onze horas da manhã. Parou num bar, que tinha na entrada um orelhão de telefone, com anúncios de uma lavadeira de roupas fixados na concha, e botijões de gás combustível.
Um nativo indagou se choveria ou não naquele dia. O Velho respondeu que torcia para que o céu desabasse e pudesse se livrar da poeira, que atormentava o seu nariz.
Bom dia, meu caro. Um uísque sem gelo, por gentileza.
O comerciante não conteve o riso.
Aqui, meu senhor, uísque só em formatura e dependendo da família do formando. Ou por terras paraguaias.
Buk riu e acendeu um cigarro.
Brincadeiras à parte, é que aqui não dá para tomar uísque com esse calor infernal. E outra: não tem muita saída. É preju na certa.
Tem razão! Uma cerveja é melhor.
Qual marca?
A mais gelada. Preciso aplacar urgentemente a sede.
O Velho Buk sentou-se à mesa que estava fora do bar, embaixo de um oiti sombroso. Não suportou ficar dentro do estabelecimento comercial. O bar repleto de quinquilharias e sem ventilação.
O calor invadia-lhe, sem pudor, as entranhas. As têmporas num fluxo descontínuo provocavam um torpor, parecido com a combustão do motor de um carro vestuto.
Parecia uma planta exótica. Todos o cumprimentavam, num misto de cordialidade e curiosidade.
Uma rolinha fogo-apagou pousou tranquilamente na mesa, enquanto um carro com alto-falantes no teto anunciava promoções num supermercado local, intercalado com músicas sertanejas de cantores regionais.
Retirou a carteira de couro e pagou a cerveja, sem atentar à queda de um calendário de uma borracharia, que na frente, impressa e a cores, a foto de uma mulher, pelada, reinava impoluta.
Agradeceu ao comerciante, e já de costas, ouviu do lado de fora a resposta radiante, “nadiquê”.

Comentários

  1. Tô curiosa prá ver até onde esse Buk vai....

    Meiri

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  2. o meire provavelmente pra cabajá ou paraúna .... por que gastão era briozo ....

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  3. Este Srº Buk é verdadeiro.... não sei mas já ouvi falá...

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  4. Certeza que foi no bar do Tatá rsrs

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