O garçom nosso de cada dia


"Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa"...

Calma aí, nobre Noel! Com o Adalberto esse negócio de pedir depressa é redundância, caro cancioneiro.

Quando você pensa em um chopp, num piscar de olhos, abruptamente, surge a figura espectral do ilustre garçom Adalberto.

O homem não está para brincadeira. Qualidade total é mera falácia dos teóricos da Administração. É coisa de alfarrábio. O garçom, sim, é a manifestação concreta de qualidade.

"Menas", contestou um bêbado trajando luto, sentado ao lado.

"Oxi rapaiz, tu não conhece o cabra não? Esse é pau pra toda obra" - retruca o Douglas Gastão, amigo de copo e de cruz.

Na mesa de bar, Adalberto "já cansou de escutar centenas de caso de amor" e otras cositas mas. Nada, nada, são mais de vinte e cinco anos trabalhando com maestria no Amigo Leal.

Adalberto é do tempo, como ilustra bem o grande escriba Xico Sá, "em que garçom sempre sabia o resultado do futebol. Do tempo em que torresmo não fazia mal, do tempo em que os homens não tinham medo da sorte nem do colesterol".

O garçom além de amigo, é mais que um psicólogo, ouvindo os murmúrios no extenso divã, que no caso do botequim, é o balcão.

Com os cotovelos calejados, os ébrios pacientes, buscam de tudo, como conselhos amorosos, orientações para o filho, sugestões de números para a loteria, dotes para casamento.

Buscar um terreno para capinar ou encher uma laje ninguém quer, né? - provoca o bêbado.

Despejam também, exaustivas lamentações no freudiano balcão, que mais se assemelha ao Muro das lamentações.

Como diria a Kátia, "não está sendo fácil", incautos leitores.

Grande João Bosco, "glória à farofa, à cachaça, às baleias" e glória ao nosso Adalberto.

Adalberto, o garçom nosso de cada dia.

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