Sereia do Rio


Série "Bares antológicos da literatura universal".

A abundância de bares, no romance "Dois irmãos", é notável. 

Bares regidos pela "barulheira dos que zanzavam carregando tralhas", por "grito dos catraieiros, grunhidos de porcos, as vozes vizinhas, choro de crianças, a algaravia do anoitecer".

Botequins espalhados providencialmente pela Cidade Flutuante, em Manaus.

Destacamos, sobretudo, o Sereia do Rio, que é o botequim de predileção de Halim, pai dos dois personagens principais: Yaqub e Omar.

Outros são exóticos como o Bar do Encalhe: "um boteco na carcaça de um barco estropiado, lá na baixada dos Educandos, então povoado por ex-seringueiros, quase todos paupérrimos. Ali havia sempre uns três com peixeira ou canivete afiado no bolso. Mas Halim gostava do Encalhe, da macaxeira e do jaraqui frito que serviam na mesinha de caixotes, e, já naquela época, não se desgrudava da garrafa de arak e do tabuleiro de gamão".

Nas tábuas envergadas dos bares, Halim sorvia com prazer doses intermináveis de arak, sempre com o olhar vagando entre a Cidade Flutuante a a floresta.

Um passeio por aromas, fragrâncias, cores, texturas e dramas humanos.

Um livraço, diga-se de passagem.

Fragmentos extraídos do livro "Dois irmãos", de Milton Hatoum.

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