Velho Buk
Eram praticamente três quilômetros de manhã, depois mais três na volta do
trabalho. Jacob, funcionário do Sindicato dos Trabalhadores Gráficos, era
morador da Rua Japurá, Centro de São Paulo e trabalhava no Brás.
Percorria todo trecho a pé. Chegava à Rua Figueira, número duzentos e
trinta e três, no Brás, exausto.
Exaurido, a caminho do trabalho,
parava na padaria Pão Quentinho, Rua Tabatinguera. Exatamente metade do
caminho, para tomar o pingado, sempre acompanhado do pão francês na chapa, sem
miolo.
Tomava o desjejum, acendia o cigarro
na calçada e retomava o périplo. Na padaria era Jacob, à noite, no Epifania,
Che.
Militante incansável, no período militar integrou as fileiras do MR8.
Movimento Revolucionário Oito de Outubro. Militante revolucionário na prática e
opositor ferrenho do Velho Buk, nas discussões políticas, suscitadas pelo
fragor etílico.
Salve-salve, Che!
Gracias, companheiro. Osório, cá pra nós, esse Velho Buk só faz tipo. Concorda? Fica bancando o
anarquista, mas no fundo é um burguês. Anarquismo de boutique. É fácil ser
anarquista morando num prédio de alto luxo na São Luís.
Nesse interim, Juarez, que estava no balcão, degustando um conhaque,
interveio.
Ele não é burguês não, Che. Uma vez falaram isso para ele e o Velho
respondeu na lata, sem vaselina.
Respondeu o quê, Juarez?
Ele respondeu que não detém os arreios de produção.
Arreios eu irei colocar em você, sua mula – sentenciou Che, irascível.
Curtam no Facebook a nossa Fan Page:
E aí meu amigo, beleza pura?
ResponderExcluirTô curtindo dimais as estórias.
Abração